Confira a opinião de dois especialistas sobre o que você deve fazer para renegociar o aluguel!
O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), utilizado como referência para os contratos de locação, ficou em 3,28% em novembro. Com isso, o indicador acumula alta de 21,97% no ano e de 24,52% nos últimos doze meses. Na prática, o forte avanço do índice pode ser um problema para inquilinos e proprietários de imóveis. A alta impacta diretamente no valor do aluguel. Por conta disso, os especialistas do mercado imobiliário já esperam uma nova onda de renegociações de contratos ao longo das próximas semanas. Mas, você sabe o que é preciso fazer para renegociar o aluguel?
Além do reajuste do IGP-M, os impactos da crise econômica causada pela pandemia do coronavírus continuam refletindo no dia a dia de inquilinos e proprietários. No primeiro semestre deste ano, uma forte onda de renegociações de contratos já ocorreu em meio ao aumento do desemprego e ao fechamento de estabelecimentos. "Assim que a pandemia chegou, as pessoas pararam de trabalhar e surgiu uma onda brutal de renegociação dos aluguéis. Muitos clientes me ligaram e pediram conselhos sobre o que fazer para renegociar", conta o sócio e gerente de locações da imobiliária Axpe, Martim Cazarin.
Agora, com o avanço do IGP-M, as tensões no mercado imobiliário ficam ainda maiores. Isso porque, segundo o head de comunicação do QuintoAndar, José Osse, já é possível perceber um aumento no número de negociações motivadas pelo ajuste do IGP-M, mesmo em casos que já passaram por uma renegociação no começo do ano.
Apesar de parecer uma situação bastante complexa, tanto para os inquilinos, quanto para os proprietários, a renegociação pode ser a melhor opção, mesmo que pela segunda vez. Afinal, ao conseguir estabelecer uma alternativa viável para os dois lados, o inquilino consegue organizar suas finanças e se manter no imóvel. Isso ocorre ao mesmo tempo que o proprietário não corre riscos de ficar com o imóvel vazio, principalmente em relação às propriedades com baixa liquidez.
Pensando nisso, conversamos com os dois especialistas e listamos quatro dicas para te ajudar a renegociar o aluguel. Confira!
Transparência: O primeiro fator apontado pelos especialistas para ter uma renegociação bem sucedida é ser transparente com o proprietário. Dessa forma, é necessário esclarecer o que está acontecendo e explicar com clareza o que está motivando o desejo de renegociar o contrato. "No caso de um imóvel residencial, o inquilino deve apelar para a empatia. 'Estou com uma dificuldade financeira, será que você consegue me dar um desconto? No ano que vem ou quando vier a vacina, a gente corrige e eu volto a te pagar o valor total'", exemplifica Cazarin.
Proatividade: Outro ponto importante para conseguir renegociar o aluguel é se mostrar proativo. Segundo Osse, é essencial que o inquilino demonstre interesse em se manter no imóvel e em pagar o aluguel em dia. Quando combinada com a transparência, esta é uma maneira certeira de mostrar ao proprietário que você também compreende o lado dele e que está em busca de um acordo adequado para os dois.
Olhar os dois lados: Apesar de ser uma situação bastante delicada, é fundamental entender os dois lados da situação. Para muitos proprietários, o aluguel é uma fonte de renda essencial. Portanto, o inquilino deve compreender também que o dono da propriedade pode depender deste valor. Consequentemente, uma renegociação para valores muito baixos pode se tornar inviável em muitos casos.
Apresentar novas alternativas: Como em todas as negociações, é muito importante que o inquilino saiba oferecer possíveis soluções para resolver a situação. Segundo Cazarin, muitas pessoas estão solicitando aos proprietários para não utilizar a correção do IGP-M e manter os contratos como estão. Esta alternativa pode ser uma boa opção para os dois lados, principalmente no caso de imóveis comerciais. Afinal, para não ficar com o imóvel vazio durante um tempo, até encontrar um novo inquilino, alguns proprietários preferem manter os valores antigos. "Eu acredito que muitas pessoas vão ceder por conta da situação que todo mundo está passando", explica o corretor.
Outra opção, principalmente para os casos em que o contrato já está vencendo, é buscar novos contratos que utilizem outros indicadores de referência em vez do IGP-M, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por exemplo. De acordo com Osso, os novos contratos de aluguel do QuintoAndar, por exemplo, agora passarão a utilizar o principal índice de inflação do Brasil justamente para evitar os impactos abruptos do IGP-M.
Enquanto a variação do tradicional indicador de preços do aluguel registrou uma variação positiva de cerca de 21% neste ano, o IPCA subiu somente cerca de 3,9%. A alternativa é interessante aos inquilinos, ao considerar que a variação é menor. Entretanto, também é positiva aos proprietários, visto que o índice de inflação é mais estável e tem menor possibilidade de deflação.
E quando não for possível renegociar?
Infelizmente, nem sempre é possível chegar a um acordo interessante para os dois lados. Nestes casos, o inquilino deve organizar suas finanças e levar alguns pontos em consideração. Além de buscar aluguéis mais baratos, é fundamental considerar também os gastos com a mudança e com o pagamento de uma possível multa. "Dê uma olhada nas suas contas, veja o que é possível ajustar e entenda o que vai fazer mais sentido em termos de longo prazo", explica Osso.
Além disso, Cazarin acrescenta que o locatário pode conversar com o proprietário para tentar sair do imóvel sem pagar a multa contratual. Assim, vale também apostar na transparência e conversar de forma sincera com o dono do imóvel para que, possivelmente, você consiga evitar mais uma despesa e reestruturar sua vida financeira.